Pela janela, vejo a chuva cair. Ela traz certa vida à cidade, tão desprovida de elementos orgânicos.
Orgânicos.
Algo dentro de mim aperta.
Fecho as cortinas. O que estou tentando me mostrar?
Em meio a tanta mobília empoeirada, não consigo definir o que sou eu e o que é decoração.
O papel de parede da sala tem mais veias do que acredito ligar meu coração ao resto do corpo.
Corpo.
Não sei se eu termino nos dedos que tocam a estante ou se somos parte da mesma paisagem patética e sufocante desse apartamento diluído em segundo plano pela vastidão do universo.
Verso.
"O som leve do trovão"
Lá fora a natureza traz validade à poesia.
Aqui dentro, o que traz validade a mim?
A poesia.
Eu posso não existir na História do que é Importante, mas estar eternizado em versos - ah! Só assim alguém pode dizer que viveu.
Viveste?
Uma face de mim
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- Julia
- "Se os fatos estão contra mim, pior para os fatos." - Nelson Rodrigues
terça-feira, 28 de março de 2017
sexta-feira, 17 de março de 2017
Tarde de gatilhos
Quanto de mim sou eu?
Quanto foi embora sem avisar?
Quanto de mim sou eu?
Quanto eu deixei escapar?
Aonde metade de mim se escondeu?
Em quais braços fui me refugiar?
Por que me deixei assustar e fugi?
Por que não fiquei para lutar?
Quanto de mim ainda sou eu?
Qual parte eu consigo amar?
Quando eu serei completamente eu?
Quando conseguirei me doar?
Quanto foi embora sem avisar?
Quanto de mim sou eu?
Quanto eu deixei escapar?
Aonde metade de mim se escondeu?
Em quais braços fui me refugiar?
Por que me deixei assustar e fugi?
Por que não fiquei para lutar?
Quanto de mim ainda sou eu?
Qual parte eu consigo amar?
Quando eu serei completamente eu?
Quando conseguirei me doar?
segunda-feira, 13 de março de 2017
Hora do chá
Sentada na mesa, observando a fumaça que se esvai da minha xícara de chá: meu atual estado, estado de todos os dias.
Há tempos minha mente acorda e vai direto para os seus braços. Às vezes mais acima, às vezes mais abaixo. Sempre você.
Preciso ter cuidado para não queimar os dedos, nem a língua. Hoje irei te ver? Muito quente. Assopro o chá. O calor me surpreende com memórias de uma intimidade que nunca existiu.
Um gole. Dois goles. A xícara inteira.
Você, o mundo e eu.
Há tempos minha mente acorda e vai direto para os seus braços. Às vezes mais acima, às vezes mais abaixo. Sempre você.
Preciso ter cuidado para não queimar os dedos, nem a língua. Hoje irei te ver? Muito quente. Assopro o chá. O calor me surpreende com memórias de uma intimidade que nunca existiu.
Um gole. Dois goles. A xícara inteira.
Você, o mundo e eu.
Versos de todos os crimes
Todo dia é dia para ser estatística
Invisíveis são apenas meus direitos
Nas ruas, os olhos se (re)viram todos para mim
Você é menino?
Ou menina?
Não consigo te definir
Você é uma menina.
Não um menino
Não acho que tenha algo para respeitar
Aliás, por que você se veste assim?
Todos os dias sou estatística
Invisível é a violência para quem continua vendado
Nas ruas, mais do que olhos se viram
Punhos em minha direção
A sociedade se volta contra mim
Nós esquecemos o quanto dói até nos agredirem de novo
Invisíveis são apenas meus direitos
Nas ruas, os olhos se (re)viram todos para mim
Você é menino?
Ou menina?
Não consigo te definir
Você é uma menina.
Não um menino
Não acho que tenha algo para respeitar
Aliás, por que você se veste assim?
Todos os dias sou estatística
Invisível é a violência para quem continua vendado
Nas ruas, mais do que olhos se viram
Punhos em minha direção
A sociedade se volta contra mim
Nós esquecemos o quanto dói até nos agredirem de novo
sexta-feira, 10 de março de 2017
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