Sem nome

Incomparável agonia humana
Em seus braços me acolheste
Devota da sensação mundana
Como pecadora me escolheste

Amor carnal baseia tua energia
Desejo insaciável pelo contato entre corpos
Aversão pelo surgimento de harmonia
Seleção natural que me guia por entre os opostos

Tensão entre os mundos
Vagão do desconhecimento
Oração dos que seguem imundos
Que passam em branco em relação ao tempo

Caminho que leva os tolos a ilusão
Que tem como destino o desconhecido
Febre ardente que aflige o coração
Que acorrenta firmemente os fugitivos

A dor dele, o infortúnio dela
A síndrome cuja cura é o próprio veneno
A morte da pureza,
o esquecimento de Donela
A asfixia em prol de uma respiração
O suicídio para um mundo mais ameno

O sacrifício da alma
O esquartejamento da religião
A fé perdida no meio do caminho
Estirada, inconsciente, ao chão

Os paradoxos, as antíteses e hipérboles
Anáforas, metonímias e encontros vocálicos
Os hipérbatos, amnésias, os dicionários
A busca pela mais perfeita fantasia
A decepção no decorrer da alegria

A referência que me distancia do meu desejo
Que conturba o meu final perfeito, o meu objetivo
A mágoa a me abraçar e a servir como alento
O perfume que me faz enjoar

A cisma, o ciúme, o preconceito
As vozes, em minha mente, a cochichar
O incômodo a tal sentimento
O estopim da ânsia que me leva a chorar

A minha necessidade,
o meu sol poente se misturando ao mar.


* Para minha mais nova beldade, que adquiriu os direitos sentimentais e psicológicos com um alfarrabista qualquer, em algum lugar, num tempo indefinido, por um preço sem dígitos.

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Mudei o eu lírico de novo, hihi.